Lição 5 – ABIGAIL, SENHORA DAS CIRCUNSTÂNCIAS
Ivanaudo Barbosa
Objetivo deste estudo: Mostrar que uma pessoa sábia, prudente, humilde e corajosa, pode mudar o rumo da história.
Verdade central: A mulher que mudou o rumo da história.
Introdução
Abigail, a pérola do Carmelo
O nome Abigail tem no hebraico o significado de “Fonte de alegria”, ou “Alegria de seu pai”. A Enciclopédia Judaica diz que “Abigail foi uma das mulheres mais notáveis na história judaica. Ela foi uma das quatro grandes belezas, as outras três são Sara, Raabe, e Ester” (Enciclopédia Judaica, Charles, Foster, Meg. 15 a).
A Bíblia afirma que “a mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com as próprias mãos, a derriba”(Pv 14:1). E mais: “No coração do prudente, repousa a sabedoria, mas o que há no interior dos insensatos vem a lume” (Pv 14:33). Abigail aparece como uma mulher de destaque por ter muitas características e tão diversificadas como: “inteligente, bonita, pacificadora, corajosa, paciente, sábia, ponderada, humilde, bondosa, dotada de muito tato, generosa e com destaque de sua fé em Deus”. É claro que não há espaço neste comentário para falar de todas as qualidades dessa extraordinária mulher. Mas vamos comentar algumas. Da vida de Abigail, ao juntar todas estas peças, cheguei à conclusão de que Abigail mudou o rumo da história de Davi. E se isso aconteceu, ela mudou o rumo da história da humanidade, porque de Davi nasceu o Messias, o Salvador do mundo. Vejamos alguns desses traços a seguir.
I. Abigail, uma mulher disposta a ouvir
Davi estava acuado no deserto. Perseguido por Saul, sem casa, sem direito a uma vida familiar plena e, sem dúvida, vivendo com escassez de alimento. Mesmo nessa vida de sofrimento, ele foi capaz de respeitar a propriedade alheia e ainda dedicar tempo para proteger os rebanhos e os pastores de Nabal.
Sabendo que Nabal estava tosquiando as ovelhas, fazendo festa e se alegrando, viu nesse quadro uma oportunidade para pedir uma recompensa pelos seus esforços e pelo trabalho de ter protegido seus bens. Enviou seus servos com uma saudação amável e acrescentou: “Dê-me qualquer coisa que alcançar sua mão.”
Entretanto, recebeu como resposta um tratamento desprezível. Nabal o comparou a servo fugitivo. Perguntou em tom zombeteiro: Quem é Davi? Suas palavras refletem insultos e humilhação. Para ele, Davi não valia nada, não era ninguém. Era um insignificante querendo ser alguém. Mas ele bem que conhecia Davi. Com certeza, conhecia sua história como guerreiro e defensor de Israel. Ellen White diz que “quando os moços voltaram com as mãos vazias, e relataram o acontecido a Davi, ele ficou cheio de indignação... Essa reação impetuosa estava mais em harmonia com o caráter de Saul do que com o de Davi, o filho de Jessé. Porém, Davi tinha ainda que aprender lições de paciência na escola da aflição” (Patriarcas e Profetas, p. 715).
Então, entra em cena esta mulher extraordinária – Abigail. Um de seus moços, que ouvira Nabal despachar os servos de Davi, de mãos vazias e humilhados, correu e relatou a ela tudo o que havia acontecido. Abigail estava ocupada atendendo servos e servas. Estava ocupada em seu trabalho. Mas, ao receber o aviso de que Davi iria atacar sua casa, ela ouviu atentamente o portador da terrível notícia (1Sm 25:14-17), pois ela era uma boa ouvinte. Ela parou para ouvir. Os servos de Nabal reconheceram que seu senhor era “um homem tão mau que ninguém [conseguia] conversar com ele” (1Sm 25:17, NVI). Então, procuraram alguém que os ouvisse – Abigail. Esse ato de Abigail em ter parado para ouvir mudou o curso da história.
II. Abigail, mulher de ação
Ellen White diz que “Abigail viu que algo devia ser feito para evitar o resultado da falta de Nabal”. Pronta estava ela para ouvir, disposta estava ela para agir. “Ela fez mais que ouvir; ela agiu.” Enquanto Nabal, o tolo, estava ocupado com bebidas, comidas e festejos, essa valente mulher saiu para enfrentar um exército irado. “Então, Abigail se apressou, e tomou duzentos pães, e dois odres de vinho, e cinco ovelhas guisadas, e cinco medidas de trigo tostado, e cem cachos de passas, e duzentas pastas de figos passados, e os pôs sobre jumentos.” Isso é ação.
E então, Abigail se encontrou com Davi. Veja como ela aliou a ação à sabedoria. Ellen White diz que “Abigail se dirigiu a Davi com tanta reverência como se falasse a um rei coroado. Nabal tinha escarnecedoramente exclamado: "Quem é Davi?" (1Sm 25:10), mas Abigail o chamou de “senhor meu”(Patriarcas e Profetas, p. 715). Ali estava um contraste: O homem que deveria ser o rei de Israel, numa atitude precipitada, precisando aprender a governar primeiramente a si mesmo. Alguém poderia perguntar: “Como Davi poderia governar sobre Israel se não podia reinar sobre si mesmo?” Ele tinha que aprender a ser um homem de Deus. É aqui que entra Abigail. Uma mulher de ações racionais, que aprendeu a lidar com um esposo denominado “Filho de Belial”. Tinha anos de experiência como esposa de Nabal. Ellen White declara que “Abigail tinha sabedoria para reprovar e aconselhar. A paixão de Davi se esvaiu sob o poder de sua influência e raciocínio” (Patriarcas e Profetas, p. 717).
Medite com sua classe:
1- Emerson disse: “Seus atos falam tão alto que eu não consigo ouvir o que você está dizendo.” E o autor da lição escreveu: “Nossos atos confirmam ou contradizem o que dizemos.” O que isso diz sobre nossa vida como cristãos?
III. Abigail, a intercessora
As palavras de Abigail a Davi expressam a nobre e exaltada virtude da intercessão. O autor da lição reconhece que “a melhor forma de intercessão é a oração intercessora.” E acrescenta: “A intercessão é marcada por um denominador comum: aquele que intercede deve se identificar muito de perto com aquele por quem está intercedendo, quer o intercessor obtenha proveito na transação, quer não.” Foi exatamente isso que aconteceu. Abigail, não tinha culpa de nada. Ela não estava envolvida no processo de desprezo e recusa de atender Davi e seus servos. Mas, ao interceder, ela tomou para si a falha do seu esposo, e pediu perdão.
Por certo, Abigail conhecia Deuteronômio 32:35 que diz: “A mim pertence a vingança e a retribuição” (NVI). Isso foi escrito em 1.400 aC, cerca de 500 anos antes de Abigail. Mas, certamente ela conhecia muito bem essa passagem. Ellen White retrata o quadro com estas palavras: “‘Agora, pois, meu senhor, vive o Senhor, e vive a tua alma, que o Senhor te impediu de vires com sangue, e de que a tua mão te salvasse...’ E ainda pleiteou como se ela mesma fora quem tivesse provocado o ressentimento do chefe” (Patriarcas e Profetas, p. 716).Ellen White acrescenta que“Abigail intercedeu com eloquência e com sucesso diante de Davi”(Manuscript Releases, v. 21, p. 214).
Em 2001 foi apresentado o resultado de um estudo feito na Coreia do Sul com 219 mulheres com idades entre 26 e 46 anos. A pesquisa mostra o resultado positivo da oração intercessora em favor dessas mulheres que foram fertilizadas in vitro e na transferência de embriões. Os nomes dessas mulheres foram entregues a grupos de oração intercessora. As mulheres não sabiam do fato e nem os que oravam conheciam as mulheres (Jornal Médico de 1998).
Resultados:
Passaram por tratamento de fertilização 219 mulheres Idade: 26-46
Sucesso obtido: 50%
Resultado Normal na Coreia: 26%
Receberam implantação de embrião no útero 219 mulheres Idade: 26-46
Sucesso obtido: 16.3%
Resultado normal na Coreia: 8%
Veja no quadro acima o resultado da ORAÇÃO INTERCESSORA. Agora, anime seu aluno e você mesmo a começar a orar por alguém.
IV. Abigail, mulher corajosa
Você acha que foi fácil para Abigail ter feito o que ela fez? Dentre suas nobres qualidades, a coragem era o resultado de conservar seu “senso de valor próprio”. Urgentemente, passou a tomar as providências necessárias a fim de evitar o ataque, pois era uma mulher destemida (1Sm 25;18, 23, 42).
Você pode imaginar a coragem dessa mulher? Ela, com uns jumentos carregados de alimentos e alguns servos, indo enfrentar 400 homens armados e zangados! Observe que Abigail não disse nada ao seu esposo. Ela foi corajosa e, ao mesmo tempo, sensível ao que seus criados lhe falaram e resolveu agir por conta própria. Ellen White deixa bem claro que Abigail conhecia Davi. Conhecia suas lutas em favor do seu povo. Por isso, ela faz um comparativo sensato entre a guerra que Davi estava prestes a começar contra sua casa e as guerras que ele devia travar pelo Senhor. Veja as palavras dela nos escritos de Ellen White: “...porque meu senhor guerreia as guerras do Senhor, e não se tem achado mal em ti por todos os teus dias” (1Sm 25:26-28). Abigail apresentou por inferência a conduta que Davi deveria adotar. Ele faria as guerras do Senhor. “Não deveria procurar vingança de ofensas pessoais, embora estivesse sendo perseguido como um traidor” (Patriarcas e Profetas, p. 716). Resultado: “...Davi tremeu ao pensar quais poderiam ser as consequências de seu intuito precipitado” (Patriarcas e Profetas, p. 717).
Com estas palavras,Abigail foi capaz de promover nobreza em Davi. O autor da lição afirma que a observação de Abigail: “não se ache mal” em Davi (1Sm 25:28) era tanto uma declaração como uma advertência para que Davi não se desqualificasse para o grande ofício para o qual havia sido ungido – o de ser rei. Para que ele não carregasse um peso em sua consciência quando chegasse ao trono de Israel, por ter se vingado com suas próprias mãos. A coragem de Abigail fez Davi refletir e mudar de ideia.
Medite com sua classe:
Se Abigail pôde usar palavras calmas e acertadas para aplacar a ira de Davi, qual seria o resultado dessa técnica se fosse usada em nossos relacionamentos? Peça sugestões aos seus alunos.
Conclusão: A história que restou...
À semelhança da história de Jônatas, o que seria natural esperar neste final de história? O natural seria ver Abigail sendo a esposa do rei Davi, cuidando dos filhos, sendo uma rainha influente no reino por sua inteligência e sabedoria, etc. Mas, a história termina em silêncio… Tudo o que sabemos além disso é que ela teve um filho chamado Daniel (1Cr 3:1) ou Quileabe (2Sm 3:3), que era o segundo na linha do trono em ordem de nascimento. Porém, tanto Abigail como seu filho desaparecem da cena depois do incidente de Ziclague. Essa mulher de caráter firme, bonita, inteligente, corajosa, sensível, boa ouvinte e líder, apareceu no cenário para mudar a história. As circunstâncias não lhe eram favoráveis. Mas ela não se deixou vencer. Isso nos ensina que quase nada é impossível quando uma mulher está determinada a fazer a coisa certa. Ore a Deus agradecendo o legado de Abigail. E não se esqueça de orar por sua esposa, suas filhas e sua mãe. Talvez você esteja vivendo com uma Abigail e ainda não descobriu… Seja grato a Deus pela esposa sábia e prudente que tem ajudado você, seus filhos e sua Igreja…
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Ivanaudo Barbosa Oliveira, nascido em Jacobina/BA e casado com Magali Barbosa de Oliveira, tem dois filhos: Audrey e Edrey. Na União Sul-Brasileira foi pastor distrital, departamental, secretário, presidente de associação e secretário da União. Em 2004, passou a ser Secretário e Ministerial da União Nordeste-Brasileira, onde atua até o presente.