Infelizmente, nossos cadernos literários só publicam os livros mais vendidos em 2010, e não os livros mais lidos em 2010.
Excluem assim os livros comprados em 2009, 2008 até em 1950, que foram lidos ou relidos em 2010, os livros que mais influenciaram os seus leitores durante o ano.
Livros que amigos emprestam para outros ou que passam de pai para filho. Bem diferente dos modismos do momento. Nem seria muito caro contratar o Ibope e a Datafolha, e colocar uma pergunta extra nas suas “N” pesquisas eleitorais: “Que livro você está lendo atualmente?” Mas, infelizmente, os cadernos literários usam o critério eminentemente capitalista de “livros mais vendidos”, “livros que deram as maiores receitas para as editoras”. Não é o que se aprende nas escolas de jornalismo, que é agradar os leitores que leem e não as editoras que mais anunciam. Vá entender.
Bastou 30 dias para fazer a pesquisa, e os 10 livros mais lidos em 2010, foram estes:
1. Livro de Gênesis
2. Livro do Êxodo
3. Levítico
4. Números
5. Deuteronômio
6. Livro de Josué
7. Livro de São Marcos
8. Livro de Isaías
9. Livro dos Salmos
10. Livro de São Mateus
Para quem não sabe, Bíblia significa Biblioteca de Livros. São vários livros e não um só. Por isso, temos 10 nos primeiros lugares. Surpresa que sejam os livros mais lidos em 2010? Óbvio que não.
Mas depois dessa constatação, não demorou muito para descobrir que a Bíblia foi o livro mais vendido em 2010, algo que vem ocorrendo desde 1950, ou até antes. E de longe!
Estima-se entre 10.000.000 a 14.000.000 de cópias vendidas só em 2010, no Brasil. O segundo número inclui Bíblias mais curtas para crianças, resumos, etc. No mundo é exatamente a mesma coisa. Ou seja, a Bíblia tem sido o livro mais “censurado” há mais de 50 anos. Igrejas deveriam publicar na capa: “Bíblia, 18.000 dias sob censura no mundo inteiro.”
Se a Bíblia vendeu 5 bilhões de cópias sob censura total, imagine se a imprensa o publicasse como o livro mais vendido do ano. Ou se os críticos analisassem semanalmente os vários livros da Bíblia. Ou se os jornalistas de esquerda fizessem uma análise mais marxista da Bíblia em vez de fazer de conta que ela simplesmente não existe.
Não sou carola, mas não posso aceitar que por motivos ideológicos censurem em nome da liberdade de imprensa, usando “maximização do lucro” como critério de seleção.
Pode não ser jornalístico, para alguns, repetir toda semana a mesma constatação, mas muitos outros não consideram jornalístico esconder a verdade por mais de 60 anos.