Marina acordou pensando: “Estou atrasada, preciso ir logo tomar o desjejum, se não vou chegar mais atrasada ainda, na escola.” Mas, logo viu os enfeites de natal em seu quarto e se lembrou que estava de férias. Levantou da cama, escovou os dentes, desceu as escadas, pegou uma banana e foi tomar o desjejum. Depois subiu as escadas escovou os dentes, outra vez, penteou seus cabelos lisos, castanhos que chegavam à altura do queixo, foi para o quarto e vestiu sua camiseta azul de flores e a calça rosa, com o símbolo do rostinho de uma criança sorrindo no lado esquerdo; embaixo do rostinho estava escrito “criança feliz”. Marina olhou para o símbolo e se lembrou da história daquela calça. Quando sua mãe trabalhava no orfanato criança feliz, as crianças deram para ela aquela calça, que uma delas (que tinha 12 anos) pediu uma calça para sua amiga de nove anos e ela deu uma calça dela cor de rosa. Então a menina de 12 anos pediu para uma das professoras lhe dar uma bonequinha de pano do símbolo do orfanato. Quando a professora lhe deu a bonequinha ela costurou na calça e bordou embaixo da bonequinha “criança feliz”.
Depois ela entregou para a mãe de Marina embrulhadinha com papel prateado. Quando Marina abriu, viu um papelzinho e leu:
“Querida Marina, muito obrigada pelo amor dedicado a cada dia que você vem aqui. Queremos te dar uma simples lembrançinha para poder demonstrar que te amamos. Não só por isso, mas também porque você merece. Não é muito, mas é o que podemos fazer. Nós te amamos muuuito. Com amor e carinho: Orfanato Criança feliz.
Escrito por: Célly Oliveira de Souza.”
Marina começou a pensar: “Eles foram tão bondosos, tiveram tanta solidariedade comigo e eu nem fiz nada para eles.”
Ela desceu as escadas, se jogou no sofá da sala e ficou pensando no que dar para eles:
“Eu posso costurar um suéter para cada um... Mas não dá, se para costurar um, eu já levo dias, imagine 20 suéteres. Posso dar uma de minhas calças... não dá, primeiro, iria dar briga para ver quem iria ficar com a calça, segundo eu não sei o tamanho de roupa que cada um deles usa... terceiro eu só tenho nove calças não 20. Podia pedir para mamãe fazer um bolo... não dá, ela já está desde a manhã fazendo muitos pratos especiais para a ceia de Natal, porque titio Carlos, titia Pâmela, titio Sérgio, titia Camila, primos Mateus e Carlos Junior, primas Bianca, Isabela, Isabeli e Carla, vô Mario, vó Suzi, vô Cláudio,vó Simoni, meu irmão Lucas e a esposa dele Emilia vão vir pra cá e alem deles tem eu, o meu pai Flavio, meu irmãozinho de dois anos Fabrício e ela mesma (minha mãe Sara) e também as crianças devem ter bolo para o Natal.
Marina se ajoelhou e orou:
– Querido Deus, obrigada por mais um Natal que Tu estás nos dando. Que seja um bom Natal cheio de alegrias. Obrigada pela amizade que eu tenho com aquelas crianças que foram tão bondosas comigo e eu gostaria de encontrar alguma coisa para dar para aquelas crianças. Amém.
Ela abriu os olhos e viu a árvore de Natal e embaixo dela muitos presentes, então ela disse:
– Eu tenho tantos presentes... Tantos brinquedos... Brinquedos?!... Brinquedos!
Ela correu para o quarto pegou uma caixa e começou a separar os brinquedos que ela não usava mais. Iria dar para as crianças de lá.
No finzinho da tarde, às 6h30 ela contou para a mãe o que ela tinha feito e pediu para que a levasse para o orfanato Criança Feliz. Chegando lá, Marina foi correndo com a caixa nos braços passando da cabeça. Ela entregou para a mãe quando uma das professoras chegou:
– Olá, Sara, quanto tempo, feliz Natal!
–Olá, Liliam, faz tempo mesmo que nós não nos vemos, feliz Natal para você também.
– Como sua filha cresceu! Tinha sete anos quando a vimos da última vez, ficou mais bonita de cabelo curto.
– Obrigada e você está mais bonita sem óculos - Disse Marina com as bochechas rosadas.
– Obrigada, eu também achei.
– Minha filha disse que vestiu a calça do orfanato, que é a que ela está usando agora.
Marina largou a caixa um pouco para que Liliam pudesse ver o símbolo “criança feliz”. E disse que lembrou da história daquela calça e ficou com vontade de ajudar e com a ajuda de Deus decidiu que iria doar seus brinquedos que não usava mais.
– Muito obrigada, Marina! As crianças vão ficar super felizes, isso é um belo presente de Natal e tem um embrulho lindo. Laço azul brilhante e caixa vermelha, deve ter brinquedos legais aqui dentro.
– Por nada, e eu posso pedir um favor para você?
– Claro!
– Você pode entregar essa cartinha para a Célly ler para as crianças?
– Com certeza.
Marina voltou feliz para a casa e teve um Natal muito especial. E lá no orfanato as crianças se divertiam com os novos brinquedos e Célly leu a cartinha:
“Querido orfanato Criança Feliz, feliz Natal! E mais pra frente feliz ano novo. Mas eu espero poder vê-los no ano novo. Amo muito vocês: Eliza, Emily, Marcos, Lucas, Diana, Laura, Gabriel, João, Jônatas, Alícia, Alice, Eduardo, Mônica, Heber, Julio, Julia, Suzana, Pedro, Leonardo e Célly. Obrigada pela calça, mas, mais do que a calça, a amizade de vocês. Muuito obrigada, eu amo muuuito vocês.
Assinado: Marina Pereira Carvalho.”
Giovanna Borges