Não é de hoje que a constelação de Órion chama a atenção dos astrônomos – e dos adventistas do sétimo dia. Em maio do ano passado, um telescópio europeu em órbita encontrou algo inusitado enquanto procurava por estrelas jovens: um verdadeiro buraco espacial na nebulosa NGC 1999, uma nuvem brilhante de gás e poeira exatamente na constelação de Órion. Na época, presumiu-se que um ponto escuro da nuvem era uma bolha mais fria de gás e poeira, que de tão densa bloquearia a passagem da luz. Mas novas imagens do observatório Herschel, da Agência Espacial Europeia, mostram que a “bolha”, na verdade, é um espaço vazio. Isso porque o observatório capta imagens infravermelhas, o que permite que o telescópio veja além da poeira mais densa e enxergue os objetos dentro da nebulosa. Mas até mesmo ao Herschel o ponto estava preto.
A atenção dos adventistas é despertada sempre que ouvem falar em Órion, e isso se deve a este texto da escritora Ellen White: “Nuvens negras e densas subiam e chocavam-se entre si. A atmosfera abriu-se e recuou; pudemos então olhar através do espaço aberto em Órion, donde vinha a voz de Deus. A santa cidade descerá por aquele espaço aberto” (Primeiros Escritos, p. 41). Ellen escreveu esse texto em 1851, quando não havia telescópio Hubble (lançado em 1990), nem Spitzer (2003), nem mesmo o observatório Herschel.
Na década de 1950 (quase vinte anos antes da ida do homem à Lua), o professor Julio Minham, membro da Associação Brasileira de Astronomia, escreveu um livro chamado Maravilhas da Ciência que foi publicado pela Associação Brasileira de Astronomia. Nele, à página 281, Minham constata: “Uma escritora americana, Ellen G. White, que nada sabia de astronomia e que provavelmente nunca ouvira falar da Nebulosa de Órion, em um de seus livros traduzido para o português com o título de Vida e Ensinos, depois de comentar essa luminosidade escreveu [e ele cita o texto de Ellen White]. Isso dito assim tão simplesmente por quem nunca olhou um livro de astronomia, nem sonhava com buracos em parte alguma do céu, só pode ser creditado a dois fatores: histerismo ou inspiração. Para ser histerismo, parece científica demais a afirmação de que toda uma cidade, a Nova Jerusalém, tenha livre passagem pelo túnel de Órion. A escritora não sabia do túnel, nem que ele é tão largo a ponto de comportar noventa sistemas solares. Terá sido revelado a essa escritora uma verdade que os astrônomos não puderam descobrir?”
Na verdade, não sei se podemos entender o que ocorre em Órion como evidência da volta de Jesus. Deus até pode usar isso como “lembrete” para Seu povo e mais um elemento confirmador da Revelação. Mas devemos atentar para o fato de que Ellen White afirma que a santa cidade, a Nova Jerusalém, é que passará pelo espaço aberto em Órion. Pode até ser que Jesus também volte por ali, mas o evento descrito pela autora parece mais se referir à vinda da cidade para a Terra no fim do milênio, conforme Apocalipse 21.
Michelson Borges