Minha esposa e eu quase não acreditamos quando, na sala de espera de um consultório médico, ontem, vimos e ouvimos na TV um clipe com parte de um samba enredo que diz, entre outras coisas: “Levanto as mãos pro céu / E agradeço ao Criador / Eu vou... Abençoado rumo a Canaã / Esperança, um novo dia / No Egito meu afã / Oh, Deus Pai! [...] Oh, meu Senhor, que conduz meu caminhar / Sou do povo de Javé, tenho o dom de acreditar.” Pior é que, quando o cantor entoa “Oh, Deus Pai!”, surgem na tela mulatas rebolativas com “trajes” sumários – o que nos lembrou, mais uma vez, por que não assistimos TV aberta em casa, especialmente nesta época de “festa da carne”.
Dias atrás, li também a respeito de um bloco carnavalesco “evangélico”! Anos atrás, foi o padre Marcelo quem promoveu o tal “carnaval de Jesus”. Aonde chegará essa onda de mistura do sagrado com o profano? Será que essas pessoas conseguem imaginar Jesus e os apóstolos desfilando ao lado de sambistas seminuas e caindo, eles também, no samba?
Jesus Se associava aos pecadores para transformar-lhes a vida. Ele era o que nos ensinou a ser: sal da terra. O sal que adiciona sabor e transforma o alimento. Se o sal perde o sabor (é transformado e não transforma), para que serve? Até quando Deus vai tolerar a podridão de um mundo que não mais discerne as coisas? De um mundo que esqueceu que santidade é separação do pecado pelo poder de Deus, não aproximação do pecado com a desculpa de ganhar os pecadores.
Michelson Borges