quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Comentário da Lição da Escola Sabatina do 3º Trimestre de 2011 - Adoração - Lição 13 - Adoração no livro do Apocalipse


Lição 13 – ADORAÇÃO NO LIVRO DO APOCALIPSE


Ruben Aguilar

O último livro das Sagradas Escrituras é intitulado com o vocábulo grego Apocalipse, que significa“revelação”. É de tal transcendência, a ponto de ser o nome que identifica o próprio texto. Em algumas línguas se prefere usar esse significado para intitular o livro que relata as visões do apóstolo João. A opção de uso desse título concede ao conteúdo do texto, maior autoridade, pois este, na essência, não é o resultado da inspiração sentimental ou racional de uma pessoa, mas a revelação do desígnio divino no desenlace da história da grande conflagração ocorrida nos Céu e projetada a este mundo.

O conteúdo pleno do livro do Apocalipse é a revelação dos eventos do grande conflito, em que são confrontadas as forças angélicas comandadas pelo Rei dos reis contra as forças de anjos demoníacos dirigidos por Satanás. O grande conflito é uma batalha incomum e difere das outras por sua singularidade. Não é uma conflagração bélica em que os contendores devam utilizar a potência de armas destruidoras. Não é também uma luta na qual a resistência e força física dos oponentes permanecem expostas em todo o seu vigor. Não é um conflito de ideologias e de princípios, disputado na arena dos debates ideológicos como se fossem a exposição de teses, réplicas e antíteses. A batalha do grande conflito entre Deus e Satanás é travada no âmbito da consciência dos adoradores, sejam estes celestiais ou terrenos. O propósito final do conflito é a vindicação da santidade e justiça de Deus.

Após séculos de transgressão, desde a rebelião de Lúcifer até o derradeiro momento da história humana, tanto os seres celestiais quanto os humanos terão percebido as consequências da desobediência satânica. Em contraste com essa atitude, a obediência de Cristo, exposta até o sacrifício e morte de cruz, estimula o reconhecimento do plano de salvação. A aceitação desse plano implica uma atitude de adoração por parte de uma grande multidão que se reúne em torno do Rei salvador. Essa multidão, finalmente entoará o hino de Moisés e do Cordeiro, em atitude de adoração, sentimento que vindica a justiça e santidade de Deus. Então, a batalha será vencida pelo Rei dos reis e a multidão de adoradores. A destruição final e total de todo mal é simplesmente o momento do fechamento da porta da história da transgressão.

A compreensão do simbolismo apocalíptico e assimilação dos enunciados que tipificam a realização do grande conflito entre Deus e Satanás deve motivar cada crente a participar do projeto de salvação da humanidade, mediante autêntica adoração ao Criador e Salvador. Ninguém está excluído da participação no desenlace do grande conflito. Existem duas frentes de batalha e cada combatente não usa outras armas além de seu espírito de adoração. De um lado estão os correligionários dos rebeldes que adoram a besta. Do outro lado estão os que aceitam o plano redentor de Cristo e deixam luzir como espadas flamejantes seu sentimento de humilde adoração ao Deus eterno.

Santo, Santo, Santo...
O livro do Apocalipse é lido e estudado por uma infinidade de pessoas de toda tendência filosófica ou religiosa. Para muitos escritores é padrão de desfecho trágico de uma situação social. Roteiristas cinematográficos têm utilizado esse nome como título de um drama em que o caos moral e a liberalidade social terminam tragicamente.

Existem obras literárias profícuas, em várias línguas, que tergiversam os eventos do Apocalipse. O conteúdo desses textos é essencialmente um chamado à participação política. Em geral essas obras, cujos títulos não prescindem do uso da palavra “Apocalipse”, descrevem a guerra no Céu como uma sequência de eventos de caráter bélico, através dos séculos, desde a queda de uma multidão de anjos até o crepúsculo do julgamento final. Nessa classe de literatura, a descrição do conflito começa com a rebelião de anjos contra a ditadura opressiva que impõe seu domínio. Essa luta por liberdade não é bem-sucedida e os implicados com a sedição são lançados à Terra, onde o conflito é projetado nas lutas político-sociais ou na ânsia de liberdade das classes oprimidas contra o domínio das elites e oligarquias dominadoras. Tal tipo de literatura deve ser rejeitado como rebotalho letal que afeta a mente dos desavisados.

Mais do que descrever incidentes do grande conflito, o livro do Apocalipse é um texto que procura destacar a característica essencial dos seguidores de Cristo: a adoração. A atitude de adoração é referida com muita frequência em cada capítulo do livro, mediante o uso do próprio vocábulo ou de palavras que refletem tal atitude. Além do seu significado “revelação”, o livro do Apocalipse poderia ser resumido com a expressão substantivada “adoração”. A atitude de adoração é o instrumento bélico disponível para enfrentar a grande batalha. Ninguém está livre dessa contenda. Queiram ou não, anjos e seres humanos devem participar do conflito, manifestando esse sentimento. O Apocalipse revela que, finalmente, os vitoriosos serão os que adoram a Deus, reconhecendo Sua Santidade.

Em sua estrutura literária, o Apocalipse descreve o conteúdo de oito visões básicas recebidas pelo profeta João, o apóstolo amado. Essas oito visões estão estruturadas de maneira tal que há porções que se destacam como partes comuns de cada visão. O Dr. Kenneth A. Strand, que exerceu sua atividade como professor de Teologia na Universidade Andrews, apresenta as partes de cada visão, da seguinte maneira: a introdução é uma cena vitoriosa. Segue-se a descrição básica da profecia que tem cumprimento em fatos históricos. A terceira é um intervalo da narrativa profética, um hiato que prepara a mente do leitor para a narrativa da quarta parte que é a culminação escatológica do juízo final.

A cena vitoriosa que serve como introdução de cada uma das oito visões é o reflexo de um quadro luminoso, onde se destaca a estrutura do templo de Deus, ou de partes dele, com o brilho sacrossanto da sua magnificência. A cena é portentosa pela presença, às vezes claramente, do Salvador vitorioso, o qual recebe a homenagem dos quatro seres viventes, dos vinte e quatro anciãos, dos 144 mil escolhidos, de anjos incontáveis e da grande multidão. A cena visualizada ocorre num ambiente em que vozes celestiais retumbam como sons de trovões; a superfície que os sustenta é o mar de cristal, onde a suprema autoridade e pureza plena da divindade aparecem como fogo que calcina. Ali todos se inclinam para prestar adoração ao Rei vitorioso, entoando o cântico de Moisés e do Cordeiro, repetindo sem cessar o estribilho melodioso “Santo, Santo, Santo”...

A besta de Apocalipse 13
Além de descrever simbolicamente a natureza e atuação da força que se opõe a Deus, o capítulo 13 do Apocalipse adverte sobre o perigo de ignorar as características e a identidade das figuras referidas como bestas. Especificamente são duas as bestas que são motivo de destaque por parte do autor, as quais, na forma interpretativa do seu simbolismo, abrangem todo o período do cristianismo, até o marco dos eventos finais. A advertência não é uma indicação tênue que deixa o leitor do texto na dependência de outra indicação. Ao contrario, ela é clara e específica ao identificar a besta que seduz os habitantes da Terra para adorarem o dragão e a besta que surge do mar (Ap 13:4, 12). Ressaltamos mais uma vez que o tema do conflito é (e não poderia deixar de ser) a adoração. Por esse fato é essencial e, de certo modo, imperativo, identificar as bestas de Apocalipse 13, para evitar ser induzido à prática de uma adoração indevida.

O termo “dragão” primariamente identifica o inimigo de Deus (Ap 12:3, 4), mas também identifica o poder político usado por Satanás na ocasião da primeira vinda de Jesus (Ap 12:4). O poder político aludido e que procurou destruir o Filho da mulher, quando nasceu, foi Roma imperial. O império romano desempenha papel importante no surgimento da primeira besta, a qual recebe do dragão (Roma) o “seu poder, o seu trono e grande autoridade” (Ap 13:2). Isso significa que a primeira besta que surge do mar é herdeira política do império romano. Como e quando isso aconteceu?

No ano 303 d.C., o imperador Diocleciano, por instigação de Galério, decretou uma tenaz perseguição contra os cristãos, acusando-os de sedição. Dois anos mais tarde, o imperador renunciou ao trono, desatando uma luta fratricida pelo poder. Os aspirantes ao trono, e contendores de fato, eram Galério e Constâncio. Vítima das feridas em combate e outras sequelas, Constâncio morreu (307 d.C.) e seus soldados proclamaram seu filho, Constantino, novo comandante. Mais outro par de anos e Galério, que prosseguia o decreto de perseguição aos cristãos, morreu, deixando seu posto a Magêncio. As batalhas eram favoráveis a Constantino, cujo exército se preparou para tomar a cidade de Roma (312 d.C.). Mas o empreendimento militar era arriscado. Para encorajar seus soldados, Constantino declarou que teve uma visão na qual havia aparecido a cruz de Cristo envolvida com um estandarte romano e a inscrição: “Com este sinal vencerás”. Após essa arenga, os soldados de Constantino tomaram a cidade.

Constantino, como imperador de Roma, anulou o decreto de perseguição aos cristãos, liberou os líderes do cristianismo do pagamento de tributos e da prestação impositiva de serviços ao império, estimulou a construção de igrejas cristãs, transformou igrejas do paganismo em igrejas cristãs, ofereceu cargos públicos para alguns líderes, transformou várias festividades do paganismo em festas cristãs, emitiu o decreto dominical, estimulou os cidadãos romanos a ser batizados na igreja cristã e ofereceu uma túnica branca e vinte moedas de ouro para quem fizesse isso. Declarou-se chefe do cristianismo optando pelo título de Máximo Pontífice. Com tal prerrogativa, convocou e presidiu, em 325 a.C., o Concílio de Niceia. Ostentava também autoridade para nomear e depor bispos. Em suma, estava em gestação um novo movimento religioso que combinava o cristianismo com o paganismo romano.

Os atos do governo de Constantino popularizaram o cristianismo ao preço de uma decadência das normas de fé e amor da primitiva igreja. Ao mesmo tempo, o paganismo começava a sucumbir, deixando seu lugar à nova crença. Essa política foi continuada pelos sucessores de Constantino até a consumação da adoção do cristianismo como religião oficial do império, fato que ocorreu durante o governo do imperador Teodócio. Esse governante convenceu o senado romano (380 d.C.) da necessidade de adotar o cristianismo para manter a unidade e permitir a governabilidade do império. Em 381 d.C. Teodócio convocou o Concílio de Constantinopla, no qual foi emitido o decreto da oficialização do cristianismo como Igreja Católica, legada pelo apóstolo Pedro, com sede na cidade de Roma. O “dragão” deu à besta, seu poder, seu trono e grande autoridade.

Os verdadeiros adoradores e Apocalipse 14
A besta que surgiu do mar teve um domínio aterrador de 1.260 anos de hegemonia e perseguição. Em seu seio foram geradas outras denominações que inicialmente procuravam voltar à prática do primeiro amor, mas, no fundo, compactuavam com os desígnios da besta, erguendo as bandeiras da observância dominical e da crença na imortalidade da alma. São adoradores, mas também vítimas de uma artimanha satânica que os mantém na névoa doutrinária que se denomina cristã e na falácia intercessora de um sistema sacerdotal fraudulento.

Diante de um ambiente nebuloso e controverso, em que os adoradores divagam entre as duas frentes atuantes do tempo do fim, é necessário suplicar a iluminação do Espírito Santo para fazer parte das falanges dos verdadeiros adoradores. Um dos sinais indicadores que orientam as pessoas a fazer parte do grupo dos escolhidos é o significado da mensagem do primeiro anjo do capítulo 14 de Apocalipse.
A mensagem dos três anjos, de amplitude universal, é oferecida a toda nação, tribo e língua, e, na sua versão de temporalidade, é uma edição para o tempo do fim. A mensagem narrada no Apocalipse apresenta uma estruturação sintética. São frases concisas, mas que preservam um conteúdo amplo sobre o desígnio divino. A fraseologia deve ser ampliada à luz do contexto bíblico, e dessa maneira identificar as características predominantes nos verdadeiros adoradores do tempo do fim.

A mensagem do primeiro anjo ostenta na suas linhas a revelação do “evangelho eterno”. O evangelho é a bem-aventurada nova da salvação com base no sacrifício de Cristo. A salvação humana foi confirmada no momento em que Cristo, assumindo o lugar do pecador, foi sacrificado segundo o requerimento da lei. A proclamação do evangelho outorga ao pregador autoridade para exortar aos que se “assentam sobre a Terra” à prática da piedade e do temor a Deus, pois é “chegada a hora do Seu Juízo”. O juízo mencionado no conteúdo dessa mensagem é a operação de justiça que será efetuada por Deus no contexto da segunda vinda de Jesus. O apelo inerente a esse ato divino é de assumir a condição de pessoas que aguardam o advento de Jesus, rodeado de anjos, entre as nuvens dos céus. Assim, o povo que assume a tarefa de anunciar a primeira mensagem angélica, deve comunicar o evangelho de salvação e o advento de Jesus na Sua segunda aparição.

O prosseguimento da mensagem divina apresenta como motivo básico da adoração tributada a Deus o reconhecimento do Seu poder criador. As palavras alcançam veemência na sua forma: “Adorai Aquele que fez o céu, a Terra, e o mar, e as fontes das águas”. Não pode ser mais clara a atitude que identifica os verdadeiros adoradores do tempo do fim, do que reconhecer o magno atributo do Deus criador, adorando-O no sétimo dia da semana.

Os verdadeiros adoradores do tempo do fim pregam o evangelho eterno, aguardam a segunda vinda de Jesus e reconhecem o atributo criador do Deus Todo-poderoso, adorando-O no sábado semanal, conforme o mandamento.