Adoração na igreja primitiva
Sábado à tarde | Ano Bíblico: Ez 42–44 |
VERSO PARA MEMORIZAR: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine” (1 Co 13:1).
Leituras da semana: At 1:1-11; 2:14-41; 17:15-34; 18:1-16; 1Co 13
Logo depois que Cristo retornou ao Céu, a igreja primitiva começou a se expandir e crescer. No início, era formada quase exclusivamente de judeus que estavam aceitando Jesus como o Messias e passando para as fileiras dos cristãos. De fato, no começo, muitos entre os fiéis pensavam que o evangelho fosse só para os judeus, o que mostrava o quanto eles ainda tinham que aprender.
No dia de Pentecostes, depois da pregação e apelo de Pedro diante da multidão de judeus (At 2), “os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas” (Atos 2:41). Esse texto apenas demonstra a falácia da ideia de que todos os judeus rejeitaram Jesus.
No entanto, seria um erro olhar para a história da igreja primitiva como uma espécie de momento poético de adoração e louvor. Embora em um contexto radicalmente diferente, a igreja primitiva lutou com algumas das mesmas questões que enfrentamos hoje, questões que afetariam tudo sobre sua fé, incluindo a adoração.
Nesta semana, examinaremos alguns exemplos dos primórdios do cristianismo e alguns dos desafios que a Igreja enfrentou, à medida que crescia e procurava aprender com as coisas boas e também com as ruins.
Domingo | Ano Bíblico: Ez 45–48 |
Muitas “provas”
Da perspectiva humana, o ministério terrestre de Jesus não pareceu tão bem-sucedido. Embora Ele tivesse atraído uma comitiva bastante popular, esse padrão não ocorreu em massa. Muitos líderes O rejeitaram e, naturalmente, os romanos O crucificaram, fazendo com que Seus discípulos mais próximos se dispersassem e fugissem.
As coisas pareciam bastante ruins, até a ressurreição e o Pentecostes, quando, repentinamente, Seus seguidores encontraram nova coragem para proclamar seu Mestre crucificado como o Messias de Israel. Foi somente após a ressurreição de Jesus, de fato, que a igreja primitiva começou a progredir.
1. Leia Atos 1:1-11. Que verdades importantes encontramos ali sobre a segunda vinda de Jesus, batismo, Espírito Santo e missão?
2. Observe especialmente os versos 3 e 6. Quanto mais, a respeito da verdade, os discípulos tinham que aprender?
Uma das partes mais interessantes desta seção é o verso 3, no qual Lucas afirma que Jesus lhes apresentou muitas “provas”. Algumas versões usam a expressão “infalíveis provas”, que é um pouco exagerada nesse caso. Outra tradução chama de “provas convincentes”, que é a tradução menos problemática. A questão é que os fiéis a Jesus receberam poderosas evidências, “provas” de Jesus como o Messias. Considerando a difícil tarefa para a qual Ele os havia chamado e toda a oposição que enfrentariam, eles precisavam de todas as provas que pudessem obter. A boa notícia é que o Senhor nos dará todas as razões de que precisamos para confirmar nossa fé, todas as razões de que necessitamos para acreditar nas coisas que não entendemos completamente. Como vemos nessa passagem, os discípulos ainda não compreendiam totalmente as intenções do Senhor com relação à nação de Israel, mesmo depois de todo o tempo em que haviam estado com Jesus. Precisamos aprender a adorar, louvar e obedecer ao Senhor, apesar de tudo o que não entendemos.
Pense sobre a poderosa evidência que temos para nossas crenças, e em todas as boas razões para a lógica de nossa fé. Observe, também, o uso da palavra fé. O que a fé implica? Isto é, que boas razões temos para ter fé, uma crença em algo que não entendemos completamente?
Segunda | Ano Bíblico: Dn 1–3 |
A pregação da Palavra
Grande parte da tradição da adoração protestante tem sido a pregação da Palavra. Uma sagrada responsabilidade recai sobre aquele que recebeu a tarefa de apascentar as ovelhas, ensinar, pregar, exortar e encorajar. Música, liturgia, oração, a Ceia do Senhor e o lava-pés, todos têm seu lugar, mas, talvez, nada seja mais importante do que aquilo que é pregado no púlpito durante a hora do culto.
3. Leia o sermão de Pedro no dia de Pentecostes (At 2:14-41). Como ele apresentou temas importantes, como as Escrituras, doutrina, profecia, Cristo, o evangelho, e a salvação? Por que esses assuntos são tão essenciais na pregação?
Que experiência deve ter sido, ouvir o pescador Pedro pregar com tal poder e autoridade! Suas palavras não mostraram nenhum tipo de indecisão ou dúvida, mas revelaram o Espírito operando por meio dele. Durante todo o seu sermão, Pedro não vacilou, mas usando as Escrituras (na época, apenas o Antigo Testamento), pregou com poder o evangelho de Jesus Cristo, o Messias crucificado e ressuscitado, que está agora “exaltado à direita de Deus” (At 2:33, NVI). É incrível como, em um número tão pequeno de frases, ele tivesse colocado uma quantidade tão extraordinária de informação, incluindo tudo, desde o derramamento do Espírito Santo, ao arrependimento, e à segunda vinda de Jesus!
Que experiência deve ter sido, ouvir o pescador Pedro pregar com tal poder e autoridade! Suas palavras não mostraram nenhum tipo de indecisão ou dúvida, mas revelaram o Espírito operando por meio dele. Durante todo o seu sermão, Pedro não vacilou, mas usando as Escrituras (na época, apenas o Antigo Testamento), pregou com poder o evangelho de Jesus Cristo, o Messias crucificado e ressuscitado, que está agora “exaltado à direita de Deus” (At 2:33, NVI). É incrível como, em um número tão pequeno de frases, ele tivesse colocado uma quantidade tão extraordinária de informação, incluindo tudo, desde o derramamento do Espírito Santo, ao arrependimento, e à segunda vinda de Jesus!
4. Quais foram os resultados da pregação daquele culto de adoração, conforme Atos 2:41? Que lição podemos tirar desse relato para nossas reuniões de sábado?
Sem dúvida, esse deve ter sido um culto de adoração muito especial. No entanto, ao mesmo tempo, temos as mesmas promessas que eles tinham. Temos a mesma Bíblia que eles tinham (e agora, também, o Novo Testamento), e temos o mesmo Senhor, que nos oferece o mesmo Espírito. Por que, então, não devemos ter cultos de adoração com o mesmo tipo de poder que vemos ali? O que nos impede?
Terça | Ano Bíblico: Dn 4–6 |
Paulo no Areópago
Nos dias da igreja primitiva, vemos outro exemplo da questão da adoração, e do que as pessoas adoram, desta vez no ministério do apóstolo Paulo, quando ele estava em Atenas, o lugar em que viveram três dos filósofos mais influentes do mundo (Sócrates, Platão e Aristóteles).
Que diferença entre o público com o qual Paulo teve que lidar ali e os devotos judeus que ouviram Pedro alguns anos antes, em Jerusalém!
5. Leia a pregação de Paulo aos atenienses, em Atos 17:15-34. Qual foi a diferença entre o testemunho de Paulo ao povo de Atenas e a mensagem de Pedro ao seu público, no dia de Pentecostes?
Uma das diferenças mais óbvias é que, ao contrário de Pedro, Paulo não citou a Bíblia. Na verdade, em lugar das Escrituras, ele citou um autor pagão. Ao mesmo tempo, perceba como Paulo apelou à lógica e à razão, quando disse o seguinte: olhem ao redor, para o mundo criado, e vocês verão uma evidência poderosa do Deus Criador. Ele começou usando uma espécie de teologia natural e apontou para o mundo natural como uma razão para acreditar no Deus criador.
É interessante notar a questão da adoração nesse caso. Aquelas pessoas adoravam algo que não compreendiam. Paulo procurou desviar o culto e a devoção deles, dos ídolos e outras coisas vãs, para o Deus vivo. Os seres humanos parecem ter uma necessidade inata de adorar alguma coisa, qualquer coisa, e Paulo buscou dirigi-los para a única coisa verdadeiramente digna de adoração.
Em que ponto algumas dessas pessoas tinham um verdadeiro problema, e por quê?
No fim, apelar para a lógica, razão e teologia natural, pode nos levar apenas até certo ponto. Paulo, em seu testemunho, tentou então lhes ensinar sobre o arrependimento, juízo e ressurreição, ensinos que devem ser aceitos pela fé. Por isso, não teve tanto sucesso com eles. Embora tivesse conseguido alguns conversos, a maioria parecia ter voltado sua adoração ao que é vão, inútil e incapaz de salvar.
De que forma nossos cultos podem se tornar mais capazes de alcançar aqueles que não têm conhecimento bíblico e que não partem de premissas iguais às nossas? Como podemos tornar nossos cultos mais agradáveis aos que nos procuram, sem comprometer os princípios bíblicos?
Quarta | Ano Bíblico: Dn 7–9 |
Adoração “contrária à lei”
Adoração não é apenas o que você faz na igreja no sábado. Adoração inclui aspectos da nossa fé de modo geral: o que acreditamos, o que proclamamos e nossa maneira de agir. O conceito do Senhor como nosso Criador e Redentor é fundamental para a adoração. Tudo que se relaciona com a adoração deve brotar dessa verdade fundamental e sagrada. Além do mais, o assunto principal da adoração é Deus e Suas ações na história. O culto verdadeiro deve atrair os participantes a andar mais perto do seu Senhor e deve nos levar a um sentimento de temor, reverência, arrependimento e amor por Ele e pelos outros.
Embora devamos pensar sempre no Senhor (Lc 21:36; Sl 1:2), o momento do culto de adoração deve ser algo especial, único. Não podemos, contudo, depender da igreja ou dos líderes de culto, para prover esse tipo de experiência para nós, por mais importante que seja o papel deles. No fim, tudo depende de nós mesmos e da atitude que levamos conosco à igreja, no sábado.
Ao mesmo tempo, como temos visto ao longo do trimestre, adoração é um meio para um fim, não um fim em si mesma. Nossa adoração não nos salva, mas é uma de nossas respostas à salvação.
6. Leia Atos 18:1-16. Que acusação foi apresentada contra Paulo, e o que isso nos diz sobre adoração?
É interessante que Paulo tivesse sido acusado de persuadir as pessoas para uma forma diferente de adoração, “contrária à lei” (v. 13; mesmo os judeus que acreditavam em Jesus, às vezes, dirigiam uma acusação semelhante contra Paulo). A questão em Atos 18 é que aqueles ouvintes estavam tão presos à tradição, tão envolvidos na maneira pela qual as coisas haviam sido feitas no passado, tão ligados às formas de culto que, quando Paulo lhes apresentou aquele que era todo o sentido do seu culto, aquele a quem eles adoravam sem conhecer, aquele para quem todas as cerimônias realmente apontavam, eles rejeitaram o que ele disse. Estavam tão apegados à lei que não perceberam aquele a quem ela apontava.
Além disso, embora as circunstâncias de hoje sejam radicalmente diferentes do que eram as de Paulo naquele tempo, precisamos ter cuidado para não permitir que as formas e tradições sirvam de obstáculo ao propósito essencial de nossa fé. Qualquer culto que não nos leve diretamente à cruz está equivocado.
Quinta | Ano Bíblico: Dn 10–12 |
O amor supera tudo
De nossa perspectiva atual, é muito fácil considerar a igreja primitiva uma espécie de modelo de harmonia e paz, um exemplo do que significava inteiramente a verdadeira adoração. Infelizmente, a história do Novo Testamento é muito semelhante à do Antigo Testamento, no sentido de que os dois mostram até que ponto todos somos degenerados.
Tomemos, por exemplo, a igreja de Corinto, a qual Paulo estabeleceu em sua segunda viagem missionária. Um centro comercial, conhecido por seu luxo e riqueza, Corinto era também o centro de uma das religiões mais sensuais e degradantes da época. Por influência dessa cultura, imoralidade e dissensão haviam invadido a igreja. E ainda assim, por mais que isso fosse ruim, não era o único problema ali. Paulo abordou outras questões que estavam fazendo com que as dissenssões se desenvolvessem na igreja (1Co 8-11), incluindo idolatria (1Co 10:14) e a aparente ênfase exagerada nos dons, especialmente o mau uso do dom de línguas por motivos egoístas (1Co 14).
7. No meio de seu discurso aos coríntios acerca dos problemas deles, Paulo apresentou o famoso capítulo de 1 Coríntios 13. Qual é a mensagem essencial ali? Como podemos aplicá-la à nossa vida e à nossa experiência de adoração?
Paulo sugeriu que nenhuma profissão que fazemos, nem milagres poderosos, nem dons carismáticos, nem piedade ou zelo, nos trarão proveito, a menos que haja um coração cheio de amor por Deus, confirmado pelo amor de uns pelos outros. Isso, diz Paulo, é o dom supremo, o qual devemos procurar, e que não pode ser substituído por nada que seja menos que isso.
Os dons espirituais são úteis, e os cristãos devem usar seus dons para honrar a Deus e edificar a Igreja em unidade. Mas nunca nenhum dom deve ser usado para exibição de si mesmo, para ganho pessoal, ou de forma desordenada no culto e assim por diante.
No fim, uma igreja cheia de cristãos amorosos e dedicados exercerá uma influência e poder que se estenderá muito além do culto semanal.
Até que ponto o amor desinteressado pelos outros afeta sua vida diária? Isto é, quanto de seu próprio tempo e energia você gasta buscando servir aos outros? Quanto de si você está disposto a renunciar, para o bem de outras pessoas? Não é tão fácil, certo?
Sexta | Ano Bíblico: Os 1–4 |
Estudo adicional
Leia de Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 35-46: “O Pentecostes”; p. 47-56: “O Dom do Espírito”; p. 201-210: “Exaltando a Cruz”; p. 243-254: “Corinto”; p. 309-322: “Chamado a Mais Elevada Norma”.
Santidade não é arrebatamento: é inteira entrega da vontade a Deus; é viver por toda palavra que sai da boca de Deus;… é andar pela fé... é apoiar-se em Deus com indiscutível confiança , descansando em Seu amor” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 51).
“Em que consistia a força daqueles que no passado sofreram perseguição por amor a Cristo? Era a união com Deus, ... com o Espírito Santo, ... com Cristo. A acusação e a perseguição têm separado muitos de seus amigos terrestres, mas nunca do amor de Cristo” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 85).
“Os consagrados mensageiros... não permitiam que pensamentos de exaltação própria viessem empanar sua apresentação de Cristo... Não cobiçavam nem autoridade nem preeminência” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 209).
“Por idolatria entendia ele [Paulo] não apenas a adoração de ídolos, mas o egocentrismo, o amor das comodidades e a condescendência com o apetite e paixão (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 317).
Perguntas para reflexão:
1. Peça que a classe fale sobre as razões que temos para a fé. Que “provas” temos para o que cremos? Que evidência racional e lógica temos que nos fortalece em nossas crenças? Ao mesmo tempo, quais são os desafios à nossa fé? No fim, apesar desses desafios, por que temos essas crenças?
2. Pense em alguns dos cultos de adoração mais poderosos a que você já assistiu. O que os tornou tão especiais, tão poderosos? Que elementos, em particular, fizeram a diferença? Como esses elementos poderiam ser trazidos para o culto de sua igreja?
3. Quais são algumas das possíveis formas pelas quais nossos cultos realmente poderiam impedir nossa visão de Cristo e da cruz? Como podemos garantir que isso não aconteça?
4. Medite um pouco mais em 1 Coríntios 13. Que medidas concretas sua igreja poderia tomar para manifestar o amor sobre o qual Paulo fala ali?
1. Peça que a classe fale sobre as razões que temos para a fé. Que “provas” temos para o que cremos? Que evidência racional e lógica temos que nos fortalece em nossas crenças? Ao mesmo tempo, quais são os desafios à nossa fé? No fim, apesar desses desafios, por que temos essas crenças?
2. Pense em alguns dos cultos de adoração mais poderosos a que você já assistiu. O que os tornou tão especiais, tão poderosos? Que elementos, em particular, fizeram a diferença? Como esses elementos poderiam ser trazidos para o culto de sua igreja?
3. Quais são algumas das possíveis formas pelas quais nossos cultos realmente poderiam impedir nossa visão de Cristo e da cruz? Como podemos garantir que isso não aconteça?
4. Medite um pouco mais em 1 Coríntios 13. Que medidas concretas sua igreja poderia tomar para manifestar o amor sobre o qual Paulo fala ali?
Respostas Sugestivas: 1: Cristo guia através do Espírito Santo; o batismo de João foi o preparo para o dom do Espírito enviado por Jesus; a missão dos discípulos era testemunhar do Salvador e de Sua volta, em todos os cantos da Terra. 2: Devido à falta de compreensão dos discípulos, Jesus apresentou muitas provas de Sua ressurreição; eles não entenderam o tempo da profecia. 3:Interpretou o Pentecostes como cumprimento da profecia de Joel 2 e viu na morte e ressurreição de Cristo o cumprimento da profecia de Davi, no Salmo 16. 4: O sermão teve um apelo poderoso; três mil pessoas foram batizadas; precisamos reavivar nossos cultos de adoração e nossos apelos. 5: Pedro foi direto: disse que Jesus era o Messias judaico; Paulo foi indireto: disse que os pagãos procuravam encontrar nos ídolos algo que nem conheciam ainda: o Deus verdadeiro e a esperança da ressurreição. 6: O acusaram de persuadir os homens a adorar a Deus por modo contrário à lei. O maior erro é adorar a Deus de acordo com a lei e rejeitar a Cristo, que é o sentido e essência da lei. 7: Sem amor, não há valor nos dons, no conhecimento, na fé, na distribuição de coisas nem no autosacrifício; sem amor, nossa adoração não tem valor.