Lição 3 – APRENDENDO A SER ALGUÉM
Ivanaudo Barbosa
Objetivo deste estudo: Mostrar que, através da oração, a visão de Ana foi aberta.
Verdade central: A visão de uma mulher que orava.
INTRODUÇÃO
Vamos estudar nesta semana, a vida de mais um personagem que, diante da sociedade, tinha aparentemente pouco valor. Vamos apresentá-la: Ana. Quem era esta senhora? Era esposa de Elcana, um sitiante da tribo de Levi que vivia nas montanhas de Efraim. Uma mulher estéril, portanto até aquele momento não tinha filhos e dividia com outra mulher o carinho e a atenção do marido . Cercada por estas circunstâncias, ela vivia triste, era provocada com freqüência pela rival, tinha baixa auto estima, sentia-se preterida, não se sentia segura quanto ao futuro. Elcana a amava, mas ela era muito infeliz porque não tinha nenhum filho. E pela força cultural e religiosa, sentia-se mesmo amaldiçoada por Deus pelo fato de não ter filhos. Eis alguns aspectos que podemos considerar sobre a vida de Ana:
1. Ana orou a Deus pedindo um filho varão.
2. Ela disse que, se Deus a atendesse, ela devolveria o filho a Deus.
3. Ana entendia que um filho varão resolveria seu problema, o da Igreja e o da nação.
4. Deus atendeu sua oração e lhe deu o filho. Por isso, o nome de Samuel significa “Ouvido pelo Senhor”.
5. Ana cumpriu sua promessa e, assim que o menino foi desmamado, ela o levou ao templo.
6. Ana foi grata a Deus e pronunciou um cântico profético (1Sm 2).
7. Após o nascimento de Samuel, Ana teve mais cinco filhos.
8. Samuel se tornou juiz, profeta, sacerdote e administrador do povo de Deus.
9. Samuel trouxe alegria para sua mãe.
10. Samuel resolveu o problema da Igreja e da nação.
I. A SITUAÇÃO REINANTE
A situação da nação
Estamos partindo do pressuposto de que Ana tinha uma visão correta do futuro e do que resolveria a situação tanto da Igreja, como da nação. Consideremos a situação da nação em primeiro lugar. Naquele tempo, a nação israelita não estava organizada politicamente. Era uma situação tribal, sem uma sólida conexão governamental. Pela irregularidade da vida religiosa deles, Deus os entregou à sua própria sorte. Sem a proteção direta de Deus, foram invadidos e escravizados por diversas vezes e por vários povos. Veja alguns exemplos:
1. Foram escravizados por Eglon (Jz 3:12).
2. Foram entregues a Jabim, rei de Canaã (Jz 4: 1, 2).
3. Foram escravizados pelos midianitas (Jz 6:1).
4. Foram invadidos pelos filisteus (Jz 13:1).
5. Em resumo, a Bíblia diz que, nessa situação caótica, “cada um fazia o que achava melhor aos seus olhos”(Jz 21:25).
Naquele quadro sombrio e desolador, Ana viu que um homem dirigido por Deus poderia ser a solução. Com isso em mente, ela acreditava que sua petição por um filho homem seria a solução adequada.
A situação da Igreja
Como a Igreja e a nação eram uma e a mesma coisa, estando a nação escravizada e longe de Deus, a Igreja refletia a mesma situação. Como a nação estava vivendo uma situação difícil, a Igreja seguia o mesmo caminho. Como faltava liderança para a nação, a Igreja também não tinha líderes que a conduzissem como Deus desejava. Vejamos um quadro da Igreja.
Após a morte de Josué, o relato bíblico diz que eles se esqueceram de Deus e passaram a servir os deuses Baal e Astarote (Jz 2:13).
Outro texto também diz que eles se esqueceram de Deus e passaram a servir aos deuses Baal e Aserote (Jz 3:7).
Anos mais tarde, o sacerdócio foi parcialmente organizado em Siló. Eli era o sumo sacerdote e seus filhos Hofni e Fineias eram sacerdotes. Mas a conduta espiritual desses dois sacerdotes era inaceitável. Eles eram irreverentes para com Deus, com as ofertas trazidas e com os adoradores. Eram glutões, intemperantes e egoístas (1Sm 2:12-17) - Ellen G. White diz que eles eram irreverentes e haviam perdido toda a intuição da santidade e significação do ofício sacerdotal (Patriarcas e Profetas, p. 575).
O próprio pai reconhecia que seus filhos faziam coisas inaceitáveis diante de Deus e dos fiéis (1Sm 2:23). Ellen G. White diz de Eli, o pai, enchia-se de “ansiedades e remorsos pelo procedimento dissoluto de seus filhos” (Patriarcas e Profetas, p. 573).
Em 1 Samuel 1:1 é dito que Elcana era efraimita. Na verdade, ele era descendente de Levi. Mas, como a situação do sacerdócio estava em decadência e não havia organização, esse homem tinha ido morar na região montanhosa de Efraim, tornando-se um sitiante bem sucedido. Abandonou completamente sua função na linhagem sacerdotal, embora permanecesse fiel a Deus. Ellen G. White diz: “Elcana, levita do Monte Efraim, era homem de riqueza e influência, e um dos que amavam e temiam ao Senhor” (Patriarcas e Profetas, p. 569).
Situação de Ana
Como foi mencionado acima, a nação vivia uma situação difícil, a Igreja estava desordenada e o lar de Ana refletia situação similar. Comecemos por Elcana. Ele tomou para si uma segunda esposa, por ser Ana estéril. Isso estava de acordo com o padrão cultural de seus dias, mas contrariava o princípio divino (Gn 2:24). Sua escolha, à semelhança do que havia acontecido com Abraão, Jacó e outros, era a responsável pela discórdia em seu lar. Na introdução, está delineada a condição de Ana. Ela vivia amargurada, chorava muito, sentia-se inferiorizada, com baixa autoestima e, segundo a visão popular, era amaldiçoada por Deus, porque não tinha um filho. Então, o lar de Ana era um lar de discórdia. O autor da lição diz que, porque Ana vivia sem filhos, a vida não tinha para ela nenhum significado real. E para piorar a situação, conforme o relato da Bíblia, sua rival a provocava e a insultava.
II. A SOLUÇÃO
Ana
Vamos agora, prezado leitor, pelo caminho das soluções. Tudo começa com Ana orando ao Senhor (1Sm 1:11). Ali no templo, ela derrama seu coração diante do Senhor. O autor da lição diz que o verbo “derramar” indica que sua oração não foi uma oração comum. “O verbo derramar normalmente é associado ao despejo de líquidos, particularmente sangue e água com relação aos sacrifícios (cf. Lv 4:7, 12, 18, 25, etc.)”. “É um verbo usado em relação a orações profundas (Sl 42:4, 5). Essa oração derramada é talvez o tipo mais íntimo de oração. Ela expressa a dor e os temores mais profundos”. Então, Deus atendeu a oração de Ana e, no tempo determinado o menino nasceu (1Sm 1:20). A Bíblia diz que, quando o menino nasceu Ana sorriu (1Sm 2:1). Ellen G. White acrescenta: “O coração da mãe se encheu de alegria e louvor. “O meu coração exulta ao Senhor…” (Patriarcas e Profetas, p. 571). O quadro começou a mudar. O lar da Ana, que era um lugar de amargura, dor e tristeza, passou a ser um lugar de alegria. Ana sabia que “Deus é completamente capaz de controlar as circunstâncias da história, bem como a própria experiência pessoal. Ela passou a ver a vida de uma perspectiva totalmente nova.”
Igreja
Na Igreja, a situação também começou a mudar. Note que, ao ser desmamado, o menino foi levado para viver no templo. Ele tinha sido dedicado ao Senhor. Ali no templo, Samuel teve sua primeira visão. Deus falou com ele. Naqueles dias sombrios, havia silêncio na comunicação entre o Céu e a Terra. Esse silêncio foi quebrado. Era Deus vindo em direção à Igreja para solucionar seus problemas. Que quadro bonito!
A Bíblia diz que Samuel crescia em estatura e em favor diante de Deus e dos homens.
O relato histórico dos fatos a seguir é triste, mas era a lei da semeadura e colheita produzindo sua messe. Durante a guerra com os filisteus, os filhos de Eli, Hofni e Fineia foram mortos (1Sm:17).
Para completar o quadro, ao chegarem as notícias da morte de seus filhos e da tomada da arca de Deus, o velho sumo sacerdote, caiu da cadeira e morreu (1Sm 4:18).
Tendo morrido Eli e seus filhos, Samuel assumiu a liderança da Igreja. Ele fez uma solene convocação e apelou para que eles abandonassem seus deuses e se voltassem para Deus. Isso foi feito (1Sm 7:7:3 e 4). Houve uma mudança de rumo, e a Igreja começou a ter uma nova experiência com Deus.
Nação
Ana agora estava feliz. Ela era “alguém”, segundo o título da lição. A Igreja havia se voltado para Deus. Então, o Senhor pediu que Samuel ungisse Saul para ser o rei de Israel. Samuel ficou triste porque se sentiu rejeitado, mas Deus o animou a fazer o serviço. Ele cumpriu o mandado divino e ungiu Saul. Mas Saul era irreverente, egoísta e desobediente. Pori sso, Deus o rejeitou. Então, Samuel foi chamado para ungir Davi. Ele o fez. Davi, chamado o “homem segundo o coração de Deus, estendeu as fronteiras de Israel, providenciou material para a construção do templo, organizou os cantores para a liturgia da adoração, trouxe a arca de Deus para Jerusalém, subjugou reinos e nações e fez de Israel a maior potência da época. Deus foi honrado. A nação estava bem.
CONCLUSÃO
A lição fala do desafio de “Ser Alguém”. Ana nos indica o caminho:
1. Ter a certeza de que Deus é soberano e Senhor dos acontecimentos.
2. Ter disposição para cooperar com Deus. Ana estava tão disposta que prometeu devolver a Deus aquilo que estava pedindo para si.
3. Saber que Deus nos ama individualmente.
4. Quando você não conseguir ver solução, busque a Deus de modo diferente: Ele terá resposta diferente para você.
Agora, podemos construir o quadro completo. Num lar amargurado, numa Igreja apostatada e numa nação sem rumo, Ana viu que um homem nas mãos de Deus seria a solução. Então, ela orou por isso. Ela estava disposta a receber para dar. Deus a atendeu, e ela cumpriu sua promessa. Os resultados vieram. Ana finalmente era “alguém”.
PARA DISCUSSÃO COM SUA CLASSE
1. Em sua igreja, quem está passando por dificuldades em casa ou na vida pessoal? Como vocês, como grupo, ou você, pessoalmente, podem ajudar e apoiar essas pessoas? Quanto você está disposto a sacrificar a fim de ajudar?
2. Quais são alguns dos estigmas culturais mais presentes em nossa sociedade; isto é, que coisas são consideradas terríveis em nossa cultura? Pergunte a si mesmo: estas são as coisas que o próprio Deus considera más? Como povo, corremos o perigo de estigmatizar, por causa da cultura, coisas que Deus não considera más?
3. Que exemplos você pode dar em que podemos ter feito isso? Como podemos saber a diferença entre o que é cultural e o que é bíblico?
4. Ao ver problemas e nossa casa, na igreja ou mesmo na nação, geralmente apontamos os culpados pela situação. Pergunte à sua classe: Com base no que estudamos, que tipo de solução diferente eu posso propor, para melhorar isso?
5. Tendo como base a história de Ana, se você se sente humilhado, preterido, sem valor e mesmo abandonado por Deus, o que você pode fazer para mudar a sua situação?
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Ivanaudo Barbosa Oliveira, nascido em Jacobina/BA e casado com Magali Barbosa de Oliveira, tem dois filhos: Audrey e Edrey. Na União Sul-Brasileira foi pastor distrital, departamental, secretário, presidente de associação e secretário da União. Em 2004, passou a ser Secretário e Ministerial da União Nordeste-Brasileira, onde atua até o presente.