quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Comentário da Lição 8 do 4º Trimestre de 2010 - JOABE – O FRACO VALENTE DE DAVI

Ivanaudo Barbosa
Objetivo desta lição – Mostrar que, por trás de cada valente, há um homem fraco.

Verdade central – Descobrir nossas fraquezas e olhar para Cristo – eis o remédio.

INTRODUÇÃO
A biografia de Joabe fala da política do poder, intriga, lealdade equivocada, ciúme e teimosia. Na sociedade machista de Joabe, os fracos desapareciam e os fortes venciam. Conhecedor da sociologia de seus dias, ele estava determinado a ser um forte vencedor. Os dias de Joabe foram marcados por UM CONTRASTE: vitórias militares e derrotas pes-soais. Quanto mais Joabe conquistava e se envolvia no poder, podemos vê-lo mais claramente por dentro. Ele fazia parte da linha dura do governo de Davi. Venceu muitas batalhas, matou muita gente, conquistou muitas terras. Mas jamais conseguiu conquistar seu gênio perverso. O guerreiro “invencível”, duro, frio e forte, foi morto pela espada agarrado, às pontas do altar, como se estivesse expressando um grito de misericórdia. Mas a quem jamais teve misericórdia em vida, na morte não lhe foi facultado esse direito.

I – UMA APRESENTAÇÃO DE JOABE
Joabe era filho de Zeruia, irmã do rei Davi, uma importante mulher. Tinha mais dois irmãos, Abisaí e Asael. Esses três valentes guerreiros tiveram um papel importante na expansão, ascensão e solidificação do reinado de Davi. Joabe era primo de Davi e de Amasa (O comandante das forças militares de Absalão e futuro comandante do exército de Davi por um curtíssimo espaço de tempo. Veja 1Cr 2:13-17). Seu nome significa “Jeová é Pai”. A vida de Joabe é um exemplo claro do desenrolar do grande conflito na vida de cada um de nós. Talvez o grande aprendizado e a maior lição que alguém pode tirar do estudo da biografia de Joabe seja ver a atuação de Satanás por trás de tudo que fazemos. Muitas vezes, atrás de um homem valente, leal, capaz e defensor da causa de Deus, descobrimos um homem traidor, manipulador, frio, egoísta e desalmado. Joabe estava pronto a usar a força, Deus, a religião e qualquer outra coisa para alcançar seus objetivos. Para ele, nada importava, desde que alcançasse o que queria: poder e posição. Aqui vem o ponto central deste estudo – descobrir o desenrolar do grande conflito dentro de nossa própria vida.

COMENTÁRIO: Quando Joabe matou Absalão, estaria ele defendendo Davi ou a si mesmo? Pense nisto: Se Absalão sobrevivesse, Joabe teria sobrevivido?


II – O LADO BOM DE JOABE
O ser humano é uma mistura do bom e do mau. As melhores pessoas abrigam traços desagradáveis, que precisam ser trabalhados pelo poder de Deus. E as piores pessoas têm escondido em algum canto de seu ser algo de bom. Joabe tinha algumas características espetaculares. Podemos mencionar algumas:

1. Fiel companheiro e amigo de Davi. Joabe fazia parte do bando de Davi, desde os tempos em que, perseguido por Saul, Davi vivia refu-giado nos desertos.

2. Era um gênio militar. Os jebuseus, antigos moradores de Jerusalém, foram atacados e expulsos dali por Joabe e seus homens. Após essa vitória, Jerusalém se tornou a capital do reino, e Joabe se tornou o comandante supremo das forças militares da Davi (1Cr 11: 6-8).

3. Valente conquistador que impôs medo e respeito a todas as nações vizinhas. O reinado de Davi não foi marcado por grandes construções e monumentos. A marca registrada do período de Davi foi a expansão geográfica do reino e o respeito e temor imposto a todos os vizinhos – incluindo os arqui-inimigos filisteus. E Joabe foi figura central em todo o período do reinado de Davi, que durou, ao todo, 40 anos.

4. Homem leal a Davi. Embora sua lealdade estivesse mesclada por egoísmo, desejo de promoção e posição, ele foi leal a Davi em meio a todas as tempestades pelas quais Davi passou. A lealdade de Joabe a Davi era tão grande que, para obedecer ao chefe, ele não se importava em quebrar os claros mandamentos de Deus nem os princípios éticos.

5. Conselheiro com brilho de humildade. Joabe é destacado como um dos conselheiros do círculo íntimo da vida de Davi. Na conquista de Rabá, podemos ver brotando do peito de Joabe um insight de humildade. Após a conquista, ele chamou Davi a vir e SIMPLESMENTE tomar posse e ser coroado. Às vezes, seus conselhos foram QUASE uma imposição. No caso da vitória sobre as forças de Absalão, quando Davi fez pouco caso da arriscada missão de seus valentes em lhe recuperar o reino, o conselheiro Joabe foi DURO com Davi e o levou a usar a razão. Na oca-sião em que Davi, por inspiração Satânica e engrandecimento pessoal, mandou fazer o censo de Israel, Joabe foi contra, embora obedecesse ao chefe (2Sm 24:3).


PARA DISCUSSÃO NA CLASSE
Quase todos os atos bons de Joabe foram praticados por MOTIVOS errados. Pergunto: Se você fizer algo certo mas pelo MOTIVO errado, será que Deus aceita isso?


III – O LADO RUIM DE JOABE
“A vida de Joabe, descrita na Bíblia, foi desfigurada por guerras, intrigas e até genocídio.” Embora Joabe fosse um grande guerreiro, tinha algumas características perversas que manchavam seu caráter. As principais são:

1. Vingança
Abner, comandante das forças de Isbosete (o quarto filho de Saul que reinou em seu lugar) matou em defesa própria Asael, irmão mais novo de Joabe, depois de adverti-lo várias vezes a que não o perseguisse. Joabe nunca se esqueceu desse evento e, na primeira oportunidade que teve, vingou fria e covardemente a morte de seu irmão, matando Abner.

2. Prática de atos sujos
“A fim de evitar represálias futuras, Joabe tentou agradar Davi tanto quanto possível. Ele começou a se mostrar indispensável”. Joabe sabia que estava praticando ações sujas, mas, para permanecer no cargo, estava disposto a praticar qualquer coisa, a qualquer custo, inclusive a violação de sua própria consciência. Veja o exemplo da morte de Urias. Joabe sabia que estava praticando um ato sujo. Mas, para agradar o chefe, estava disposto a cooperar para a morte de um dos seus melhores soldados. Além de Urias, outros soldados também morreram na emboscada arquitetada por Joabe (2Sm 11:17).

3. Astúcia
Depois que Absalão matou seu meio-irmão Amnon, por ter tirado a honra de sua irmã Tamar, teve que fugir para a casa dos seus familiares, por parte da esposa. Sendo ele o segundo filho, era o herdeiro natural. Mas Davi não mostrava nenhum interesse em trazê-lo de volta. Joabe, sabendo disso, idealizou um plano astuto para enganar Davi e trazer Absalão de volta. O plano foi um sucesso. Davi não percebeu a manipulação concebida por Joabe e deu sentença favorável ao regresso de Absalão (Leia o plano de Joabe em 2 Samuel 14).

4. Uso de política suja
O autor da lição afirma: “Para ele, tudo, até mesmo a religião, tinha um objetivo político e podia ser usado em proveito próprio. Ele reconhecia o potencial de Absalão e queria começar a conquistar o favor do futuro rei. Este lado sujo de Joabe – manipulação do uso da política suja – era usado mesmo que isso implicasse em quebra de princípios éticos, morais e legais. Sua astúcia foi tão bem montada (No caso da mulher de Tecoa), que levou Davi a tomar decisões que infringiram estes princípios.

5. Frieza e traição
Após Joabe ter matado Absalão sem dó e sem piedade, Davi tomou duas medidas misturando administração e política: a) Tirou Joabe do comando das forças militares. Essa era uma decisão administrativa, motivada pela desobediência explícita de Joabe por ter matado Absalão contrariando as ordens expressas de Davi. b) Em lugar de Joabe, colocou Amasa (que era primo de Joabe) para ser o comandante das forças militares. Essa era uma decisão política. Como Amasa tinha sido o comandante das forças militares de Absalão, Davi o favoreceu com o posto mais elevado do exército para agradá-lo e trazê-lo para junto de si. Mas Amasa durou pouco. Joabe, com seu irmão Abisaí, o encontrou, e Joabe o matou fria e traiçoeiramente.


LEIA 2 SAMUEL 3:24, 25 e 30 e PERGUNTE A SEUS ALUNOS:
Joabe apresentou a Davi a razão por que matou Abner (Preocupação com a segurança do reino). Mas o verso 30 esclarece o verdadeiro motivo. Mencione exemplos de atos que temos praticado e tentamos explicar, quando na verdade as razões são outras.


IV – A FIGURA DE JOABE EM NÓS
Vivemos no século da produtividade. Tudo tem que render mais, todos têm que produzir mais, tudo tem que apresentar resultados imediatos. A biologia, a zootecnia, os experimentos e as técnicas são usados para que a terra produza mais frutas e cereais, os animais rendam mais leite e carne, as máquinas produzam mais, etc. Os executivos cruzam os céus na velocidade do som para produzir resultados às suas companhias. E nesse afã, a pessoa humana parece ter pouco valor. O que importa são os resultados imediatos. Ah! Isso é do século XXI, verdade? Não. Já nos dias de Joabe, ele se portou exatamente dessa maneira. Ele queria resultados. Para ele, um frio executivo de seus dias, os fins justificavam os meios. A religião, a política, as manobras, as manipulações, quebra de regras e princípios morais e éticos eram usados para alcançar seus objetivos. Se, para alcançá-los, tivesse que matar, enganar e desobedecer, ele assim faria.

Qual é seu trabalho, o que você faz? Que posição você ocupa no mundo dos negócios e na igreja? Quando você deseja alcançar algo, o que faz? Manipula, engana, desobedece, usa a religião e até mesmo o nome de Deus? Muitas vezes, até em casa usamos a religião para conseguir nossos objetivos. Olhe para você, olhe para Joabe... será que há alguma coisa de Joabe dentro de você? Se houver, leia este pensamento de Ellen White: “A religião de Jesus Cristo nunca torna um homem áspero nem rude; nunca o torna descuidado nem desumano; mas a verdade de origem celestial, que vem de Deus, eleva e santifica o cristão; torna-o cortês, bondoso, afetuoso e puro; tira seu coração duro, seu egoísmo e amor ao mundo, e o purifica do orgulho e da ambição pecaminosa” (Ellen G. White, Signs of the Times, v. 1, p. 66).

PENSE E DISCUTA: Joabe matou tanta gente INJUSTAMENTE e foi morto gritando por misericórdia. Esse foi o cumprimento da lei da se-meadura e colheita, certo? Sim. E por que muitos que foram como Joabe descansaram em paz? A lei da semeadura e da colheita nem sempre completa seu ciclo nesta vida. Mas esteja certo de uma coisa: FINALMENTE, chegará o dia em que, mesmo os que desceram em paz à sepultura serão chamados a prestar contas diante de Deus.


CONCLUSÃO
“Embora possamos não estar envolvidos no tipo de coisas com que Joabe se envolvia, como matar friamente, podemos enfrentar alguns maus traços de nosso próprio caráter quando examinamos sua história. É aqui, pelo exemplo negativo de Joabe – o fraco valente de Davi – que podemos identificar algumas de nossas falhas de caráter e buscar a única solução para elas: Jesus.” Joabe conhecia bem a religião. Teoricamente, conhecia bem a Deus. Mas sua vida mostra que ele parecia tirar Deus completamente de cena quando desejava algo. Embora pudesse ter todo o conhecimento teológico sobre Deus, este não parecia ter relevância em sua vida. A pergunta central é: Que tipo de religião tenho manifestado em minha vida?

Ivanaudo Barbosa Oliveira é Secretário e Ministerial da União Nordeste-Brasileira